quarta-feira, 28 de abril de 2010

Pela diversidade política

A política brasileira iniciou mal a semana. Em reunião realizada pelos dirigentes do PSB, ficou decidido oficialmente que Ciro Gomes não disputará as eleições presidenciais em 2010, conforme era sua vontade. (Link da notícia)

Além de Ciro, outros políticos já se manifestaram contra os vetos partidários impostos aos políticos que desejavam concorrer à presidência. Cristovam Buarque afirmou em seu twitter à um certo tempo que gostaria que seu partido, o PDT, tivesse um candidato próprio à presidência. Afirmou também não fazer questão que ele fosse o candidato, - fato que eu, particularmente, acharia excelente - mas que fosse qualquer outro capaz de tal incumbência. Marina Silva foi outra política que manifestou certa indignação em seu blog, ao saber da decisão do PSB.

No meu entender, a decisão do PSB reflete numa triste realidade da política nacional: a bipolarização partidária. Desde a época de FHC, o Brasil vê somente dois partidos se enfrentando pela presidência da república, são eles: PSDB e PT. Há tempos não surge um candidato de um terceiro ou quarto partido com reais chances de vencer as eleições. Esse ano temos Marina Silva correndo por fora. Suas intenções de voto não chegam perto das de Serra, do PSDB, e das de Dilma, do PT, porém, ainda é muito cedo para afirmarmos qualquer coisa em relação ao PV e a pré-candidata Marina. Muita água há de rolar ainda, até outubro. Aguardemos.

o PSB e o PDT desistiram de lançar candidatos próprios à presidência por acharem mais conveniente apoiarem, desde o primeiro turno das eleições, o PT. Tal decisão reflete numa perde moral da democracia, afinal, os homens que desejavam concorrer à presidência, foram proibidos de fazê-lo, e além de tudo, nós, o povo brasileiro, tivemos nosso leque de opções ainda mais reduzido. As opções já eram mínimas, agora então. O que vai acontecer, no fim das contas, é que teremos dois turnos das eleições, porém, com as mesmas configurações do primeiro. Três candidatos concorrendo no primeiro turno? Isso é muito pouco. O Brasil é um dos maiores países do mundo, territorialmente falando. Há dentro do país uma diversidade enorme de culturas, de pensamentos e de opiniões. Não é certo que tantas culturas, tantos questionamentos sejam reduzidos a somente três candidatos.

Há um grande jogo de interesses no plano de fundo dos partidos, creio eu. Afinal, quanto mais partidos apoiando um único candidato, mais tempo tal candidato tem na hora da propaganda eleitoral gratuita, o que pode acarretar numa vitória eleitoral e que também acarretará em distribuições de cargos públicos aos partidos aliados. Desse modo, os partidos perdem pouco; não tiveram um candidato próprio eleito, porém, tiveram o aliado, o que lhes garantirá cargos que são preenchidos por nomeação.

Não crítico o fato das alianças feitas, afinal, ninguém vive sozinho no mundo, nem mesmo partidos políticos. O que crítico são as alianças feitas em primeiro turno. A redução de candidatos no primeiro turno implica numa redução de propostas e implica também num debate político de pouco conteúdo, onde os políticos acabarão por se atacarem, indo para o lado de críticas pessoais, críticas aos governos passados, entre outras. O debate fica empobrecido, sem variedade de idéias, fica homogêneo demais. Inevitavelmente, perdem os eleitores, que verão um debate desse, pobre de idéias e com muitos ataques. Ficaremos perdidos, sem realmente saber a proposta dos candidatos.

Essa bipolarização partidária, creio eu, não é o caminho mais correto à se seguir. A redução de opções, além do que já foi citado, pode acabar levando o eleitor a um descaso ainda maior com a política. Pois somente duas, ou três propostas de governo é muito pouco, e o eleitor pode não "se achar" em meio a essas poucas propostas. Daí resulta um voto em branco, um voto nulo, ou pior ainda, um voto no "menos pior", por não ter em quem votar.

O Brasil, nas suas várias culturas e nos seus vários questionamentos merece mais candidatos, mais propostas, mais opções. A política e os partidos políticos vêm seguindo o caminho contrário ao de uma democracia plena. É necessário mais consciência, não só dos eleitores, mas também dos políticos. É necessário que os políticos sejam mais bem preparados para adentrarem nesse ramo, para que a política seja feita de forma satisfatório à toda nação e que atenda as características de uma democracia real, de uma democracia realmente democrática.

Bruno Joly

3 comentários:

  1. Legal foi a notícia do Serra hj dizendo que gostaria do PT e do PV no seu governo...
    pra onde iremos?! o poder seduz e consome o homem dialeticamente.

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  2. É ''Bruno'', esse é o real cenário político brasileiro: poucas opções bem como poucas propostas. Tantos problemas sociais a serem resolvidos, tanto para ser feito e nos deparamos com a luta pelo poder. Quem sofre as consequências somos nós, meros proletários. E então, como conscientizar eleitores e políticos?Como modificar essa ''estrutura'' eleitoral da política?

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  3. o Ciro vem dizendo exatamente isso desde 2006. Parece que ninguem quis escutar...

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