sexta-feira, 16 de abril de 2010

Avante Brasil!

Hoje li um texto muito bom no blog do Juca Kfouri Coragem, Candidatos!. No texto, Juca trazia discussões muito pertinentes para a atual situação das principais cidades, economicamente falando, do país, São Paulo e Rio de Janeiro.

Como todos sabem, o Brasil sediará a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos, em 2016. A Copa do Mundo se estenderá por várias capitais do país, inclusive São Paulo, e as Olímpiadas serão exclusivamente no Rio. Bom, muito se fala em investir na construção de estádios, complexos esportivos, infra-estrutura para receber os jogos, visitantes de fora e de dentro do país e tudo mais. Mas será que o Brasil realmente está preparado para receber eventos de tamanha magnitude?

Recentemente, as chuvas de fim de verão, as famosas "Águas de Março", como já dizia Tom Jobim, castigaram a capital paulista. Enchentes devastadoras, mortes, desabrigados, lixo espalhado pela cidade, tudo em função das fortes chuvas que caíram em São Paulo ao fim da estação quente. Um verdadeiro caos. E agora, há menos de uma semana, ou duas, se não me falha a memória, foi a vez da capital carioca ser terrivelmente castigada pelas chuvas que caíram torrencialmente. Só que no Rio, a situação, creio eu, ficou pior do que na capital paulista. No Rio, a quantidade de mortos foi superior a 900 pessoas, quase mil, para ser mais realista. A enchente carioca entrou para as mais fatais enchentes do mundo nos últimos 12 meses. Isso é impressionante, e assustador, ao mesmo tempo. Isto posto, chega-se a pergunta: Será que Rio e São Paulo podem sediar os eventos esportivos citados?

Essas catástrofes naturais, mais do que nos alertar sobre os efeitos da destruição ambiental, serviram para evidenciar a realidade da infra-estrutura das nossas capitais, nos mostraram que São Paulo e Rio de Janeiro necessitam de uma reestruturação urbana urgente, que por sua vez, para ser realizada, necessita de dinheiro, de financiamento público. Então, eu me pergunto: ao invés de investir tanto dinheiro em reforma e construção de estádios, de ginásios e hotéis, por que não investir na infra-estrutura urbana? Por que não melhorar as condições de vida de toda a população dessas cidades para que não tenham pavor das chuvas, com medo que essas desgraças se repitam toda vez que o céu começar a escurecer?

Além disso, há a questão das favelas, tanto no Rio quanto em São Paulo. Famílias que vivem em locais de risco, vivem ao lado de aterros sanitários, de lixões, sem saneamento básico e condições mínimas de transporte e higiene. O transporte público está muitíssimo longe de um bom padrão de qualidade, sem contar a triste, degradável e cada vez mais sucateada educação pública, pelo menos no Estado de São Paulo, a qual eu conheço bem. Questões de segurança também devem ser levadas em conta.

O esporte é sem dúvida um dos bens mais preciosos que uma nação possui, mas não pode ser colocado em primeiro plano quando há questões mais relevantes numa sociedade. Nossa sociedade é falha em todos os quesitos que citei acima, em todos eles é necessário uma reforma, ou até mesmo uma revolução, e ambas necessitam de investimento e preocupação de nossos governantes. Infelizmente o Brasil não tem condições de receber os eventos esportivos, quando nesse mesmo Brasil há milhares de famílias que vivem na precariedade, jovens sem educação, sem trabalho e sem segurança.

Estamos em ano eleitoral, e como disse Juca no seu blog, será que algum candidato teria coragem de dizer publicamente que abriria mão da Copa e dos Jogos Olímpicos para investir mais nos setores de base do país? Será que algum deles tem essa coragem? O Brasil é grande, e necessita de políticos tão grandes como Ele. No momento, enchergo alguns bons políticos, mas acho que nenhum com tamanha grandeza. Se aparecesse algum com esse propósito, assim como o voto de Juca, teria o meu também, com toda certeza.

Hastear a bandeira brasileira quando fomos escolhidos como sede dos eventos esportivos foi muito fácil, cantar que era brasileiro com muito orgulho e com muito amor, nessa situação também. Em situações de alegria geral, é muito fácil ser patriota. Sejamos patriotas também nos momentos de dificuldade da nossa nação. Por que não hastear a bandeira quando o São Paulo e Rio sofreram com as enchentes? Hastear a bandeira e estender a mão para ajudar nossos compatriotas. Isso também é inal de patriotismo. Afinal, ajudando nosso irmão brasileiro, estamos ajudando nosso país, ajudando a construir cidades melhores, estados melhores, um páis inteiro melhor.

O Brasil tem potencial para receber tais eventos esportivos, mas não agora, não nesse momento. Precisamos antes mostrar nosso potencial de se reeguer, potencial de estruturarmos bem nossas cidades para que catástrofes como essas não se repitam mais, e aí sim, recebermos de braços abertos qualquer tipo de evento, e gritar, numa possível vitória "(...)eu, sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor(...)".

Bruno Joly

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