quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Manifesto

Na quarta-feira do dia 15 de dezembro de 2010, os senadores da Câmara Legislativa da República Federativa do Brasil aprovaram, em votação relâmpago, o Projeto de Lei Legislativo que concede aumento de 61,83% nos salários dos próprios parlamentares, de 133,96% no valor do vencimento do presidente da República e de 148,63% no salário do vice-presidente e dos ministros de Estado. O projeto iguala em R$ 26.723,13 os salários dos deputados, dos senadores, do presidente da República, do vice-presidente da República e dos ministros do Executivo. (fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,camara-aprova-aumento-do-salario-de-parlamentares,654023,0.htm).

Mas, o que mais surpreende, não chega a ser o valor, quase que irônico, dos novos salários dos parlamentares, mas sim a rapidez e disposição dos mesmos em aprovar um Projeto de Lei deste cunho. Surpreende porque, segundo os princípios da Democracia, regime político que teoricamente dita a vida dos cidadãos brasileiros, quando elegemos parlamentares, os elegemos para representarem os interesses da nação brasileira, e não os interesses deles próprios. Ou estamos enganados e entendemos completamente errado o modelo adotado pelos gregos em Atenas, na Grécia Antiga?

Ainda são recentes as eleições realizadas no Brasil no ano de 2010 que elegeram justamente “representantes” do povo brasileiro para esses cargos. Fato que chamou a atenção pouco antes da realização das eleições foi o grande impasse presente no Congresso Nacional para se aprovar a Lei Ficha Limpa, que barrava a candidatura de políticos condenados na Justiça. Uma lei que de fato representa o interesse da nação brasileira e que contava com seu amplo apoio, afinal, o Projeto de Lei teve início com um abaixo-assinado que reuniu quase 2 milhões de assinaturas. O Projeto de Lei foi aprovado e depois invalidado para as eleições de 2010. Após muita discussão, o Projeto foi finalmente aprovado e validado para 2010. Sua aprovação foi muito comemorada pelo povo brasileiro. Mas eis a grande ironia: o povo brasileiro precisou lutar, e muito, para que uma lei que proíbe políticos corruptos de se candidatarem fosse aprovada. Fica a questão: por que os parlamentares não agiram com a mesma rapidez que agiram na aprovação do aumento de seus salários para a aprovação da Ficha Limpa, uma vez que este Projeto representa claramente os interesses da nação?

Outra questão que fica em suspenso e merece certa reflexão: por que os parlamentares resolveram votar tal projeto justamente no último dia de votação efetiva da Câmara?

Essa pode não ser uma maneira muito efetiva de manifestar repúdio e indignação à essa postura dos parlamentares, mas, por hora, é o que posso fazer.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A beleza da arte

Nessas férias tenho me ocupado basicamente em ver filmes e ouvir música. Tenho buscado material da melhor qualidade possível, e digo que tenho encontrado coisas muito boas. É incrível como uma boa música, um bom filme ou bom seriado pode fazer com que nossa mente se abra a novas perspectivas, quebre certos paradgimas e nos dê novos horizontes para pensar e entender o mundo.

Um filme não precisa ser milionário, com centenas de efeitos especiais para ser magnífico. Um bom enredo, bons atores, trilha sonora e cenário, podem fazer da mais simples das produções, o melhor dos filmes. Prova disso é o filme "O fabuloso destino de Amélie Poulain", por exemplo. Um filme que não possui extraordinários efeitos especias, mas que em compensação possui um leque de atores excelentes, sem falar no enredo e no cenário do filme, Paris, mais precisamente.

Com a música não é diferente. Letras poéticas, que representam tudo aquilo que os compositores realmente sentem fazem com que quem as ouve pare e pense na vida. Basta que escutemos as músicas de Vinicius de Moraes, ou Cartola, por exemplo, dois poetas que eu particularmente gosto. Podemos ainda pensar em Renato Russo, ou Cazuza, que sempre tinham alguma mensagem pra passar em suas músicas, fossem essas mensagens de cunho sentimental ou social. Bons tempos da música.

A arte, em geral, é indispensável à formação de um indivíduo. Seja a música, a pintura, o desenho, o teatro ou o cinema, ou qualquer outro tipo de arte, nada ao meu ver, é mais eficiente para expandir os horizontes de alguém. Aulas de história da arte, ou de qualquer tipo de manifestação artística deveriam ser obrigatórias nas escolas. Hoje tem-se Educação Artística no curriculo das escolas, porém, pelo menos como eu tive aulas, essa disciplina nada ensina sobre arte. A única coisa que fazíamos em sala eram desenhos, sem sentido nenhum para os alunos, que leigos sobre o assunto, simplesmente faziam qualquer desenho, sem objetividade nenhuma.

Um bom filme, um quadro, uma música são capazes de fazer com que nossa mente viaje para um outro universo, um universo diferente do qual nós vivemos, que como eu disse, faz-nos ver o mundo com outra perspectiva, faz a gente crescer como pessoa, como cidadão. Quiçá ainda desenvolver senso crítico nos cidadãos, que hoje têm caído cada vez mais num profundo conformismo e descrédito com a humanidade, com o mundo, com a política, entre outros.

A arte pode ser um ótimo instrumento na educação, por exemplo. Filmes são exibidos para alunos, dependendo do que estudam no momento, e dependendo do conhecimento do professor para tal. Um filme sobre a Segunda Guerra, por exemplo, sempre enriquece uma aula de história sobre o assunto.

Que a arte não se torne somente mais um produto do capitalismo, que não seja feita exclusivamente para venda. Já temos demais disso. No que diz respeito à música então, nem se fala. Porém não posso generalizar. Há excelentes músicas sendo feitas hoje, por músicos e compositores talentosos e que realmente fazem aquilo com sentimento. Que o cinema siga por esse caminho também, o teatro, as artes plásticas e outras, para que nosso capital cultural seja cada vez mais rico.

Bruno Joly

domingo, 11 de julho de 2010

Educação e nosso poder de mudança

Antes de começar a postagem, peço desculpas à quem acompanha este blog, pelo vazio que tomou conta daqui nos útimos tempos. Não tive muito tempo para parar e escrever algo de interessante aqui. Tentarei não ficar mais tanto tempo sem escrever nada aqui.

Nesta postagem falarei sobre educação.

A educação tem estado muito presente na minha vida desde maio, quando passei a integrar um projeto do Governo Federal que visa melhorar as condições de ensino na rede pública. Hoje, acompanhando o twitter, vi algumas postagens que diziam o porquê de as novelas nunca transmitirem valores referentes à educação. Como diziam os autores das postagens, nas novelas, os personagens são valorizados pelo carro que têm, pela roupa que possuem, pela beleza física, entre outras futilidades. Como isso se reflete na nossa sociedade?

É certo que grande parcela da população brasileira assiste as novelas de televisão, e do mesmo modo, grande parte dessas pessoas são influenciadas pelo que se transmite nas novelas. Sabemos hoje da realidade do ensino público brasileiro. Está cada vez pior. Ouvem-se as pessoas reclamarem, atribuirem a culpa a tudo e todos, menos a si mesmos. Mas, quais são os valores que transmitimos aos alunos de hoje? O que os pais cobram dos filhos? O que exigem deles?

Segundo as novelas, o que é importante são atributos físicos e financeiros, certo? Pois bem, tais valores estão sendo enraizados com tremenda força em nossa sociedade. Não se dá valor a quem é inteligente, mas sim, a quem é bonito - de acordo com os padrões de beleza impostos pela mídia - a quem tem o carro mais legal, o garoto que é mais forte, etc. A educação não tem ficado mais nem em segundo plano na vida das pessoas...tem ido parar em último lugar.

Alunos desinteressados em aprender, professores desinteressados em ensinar, coordenadores pedagógicos, cuja função é auxiliar alunos com problemas, sejam eles pessoais ou escolares, prejudicam ainda mais os alunos. De acordo com este quadro, não sei se há alguma moral para se cobrar entidades maiores sobre a situação da educação pública. Não estou querendo retirar a culpa de tais entidades, jamais, afinal, eles têm uma parcela de culpa enorme pelo seu descaso, falta de investimento e salários ridículos à servidores e docentes.

O desisnteresse dos alunos, sob meu ponto de vista, é reflexo dos valores que são passados à eles. Atualmente, eles não vêm o porquê de irem à escola todos os dias. A estrutura escolar está errada e poucas pessoas vêm tentando fazer algo para mudar essa realidade. Nosso maior desafio hoje é dar sentido à escola, dar uma razão para que os alunos se sintam atraídos pela escola, tenham gosto por ela. A escola não pode ser vista só como uma obrigação, como uma rotina.

Este ano é ano de eleições. Uma das coisas que está ao alcance de todos é sair de dentro das bobagens das novelas e atentarem um pouco às propostas dos políticos no que diz respeito à educação, para que tenhamos realmente o direito de cobrar alguma coisa. O poder da mudança está nas mãos de cada brasileiro, basta usar este poder com consciência perante uma urna eletrônica.

Bruno Joly

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Pela diversidade política

A política brasileira iniciou mal a semana. Em reunião realizada pelos dirigentes do PSB, ficou decidido oficialmente que Ciro Gomes não disputará as eleições presidenciais em 2010, conforme era sua vontade. (Link da notícia)

Além de Ciro, outros políticos já se manifestaram contra os vetos partidários impostos aos políticos que desejavam concorrer à presidência. Cristovam Buarque afirmou em seu twitter à um certo tempo que gostaria que seu partido, o PDT, tivesse um candidato próprio à presidência. Afirmou também não fazer questão que ele fosse o candidato, - fato que eu, particularmente, acharia excelente - mas que fosse qualquer outro capaz de tal incumbência. Marina Silva foi outra política que manifestou certa indignação em seu blog, ao saber da decisão do PSB.

No meu entender, a decisão do PSB reflete numa triste realidade da política nacional: a bipolarização partidária. Desde a época de FHC, o Brasil vê somente dois partidos se enfrentando pela presidência da república, são eles: PSDB e PT. Há tempos não surge um candidato de um terceiro ou quarto partido com reais chances de vencer as eleições. Esse ano temos Marina Silva correndo por fora. Suas intenções de voto não chegam perto das de Serra, do PSDB, e das de Dilma, do PT, porém, ainda é muito cedo para afirmarmos qualquer coisa em relação ao PV e a pré-candidata Marina. Muita água há de rolar ainda, até outubro. Aguardemos.

o PSB e o PDT desistiram de lançar candidatos próprios à presidência por acharem mais conveniente apoiarem, desde o primeiro turno das eleições, o PT. Tal decisão reflete numa perde moral da democracia, afinal, os homens que desejavam concorrer à presidência, foram proibidos de fazê-lo, e além de tudo, nós, o povo brasileiro, tivemos nosso leque de opções ainda mais reduzido. As opções já eram mínimas, agora então. O que vai acontecer, no fim das contas, é que teremos dois turnos das eleições, porém, com as mesmas configurações do primeiro. Três candidatos concorrendo no primeiro turno? Isso é muito pouco. O Brasil é um dos maiores países do mundo, territorialmente falando. Há dentro do país uma diversidade enorme de culturas, de pensamentos e de opiniões. Não é certo que tantas culturas, tantos questionamentos sejam reduzidos a somente três candidatos.

Há um grande jogo de interesses no plano de fundo dos partidos, creio eu. Afinal, quanto mais partidos apoiando um único candidato, mais tempo tal candidato tem na hora da propaganda eleitoral gratuita, o que pode acarretar numa vitória eleitoral e que também acarretará em distribuições de cargos públicos aos partidos aliados. Desse modo, os partidos perdem pouco; não tiveram um candidato próprio eleito, porém, tiveram o aliado, o que lhes garantirá cargos que são preenchidos por nomeação.

Não crítico o fato das alianças feitas, afinal, ninguém vive sozinho no mundo, nem mesmo partidos políticos. O que crítico são as alianças feitas em primeiro turno. A redução de candidatos no primeiro turno implica numa redução de propostas e implica também num debate político de pouco conteúdo, onde os políticos acabarão por se atacarem, indo para o lado de críticas pessoais, críticas aos governos passados, entre outras. O debate fica empobrecido, sem variedade de idéias, fica homogêneo demais. Inevitavelmente, perdem os eleitores, que verão um debate desse, pobre de idéias e com muitos ataques. Ficaremos perdidos, sem realmente saber a proposta dos candidatos.

Essa bipolarização partidária, creio eu, não é o caminho mais correto à se seguir. A redução de opções, além do que já foi citado, pode acabar levando o eleitor a um descaso ainda maior com a política. Pois somente duas, ou três propostas de governo é muito pouco, e o eleitor pode não "se achar" em meio a essas poucas propostas. Daí resulta um voto em branco, um voto nulo, ou pior ainda, um voto no "menos pior", por não ter em quem votar.

O Brasil, nas suas várias culturas e nos seus vários questionamentos merece mais candidatos, mais propostas, mais opções. A política e os partidos políticos vêm seguindo o caminho contrário ao de uma democracia plena. É necessário mais consciência, não só dos eleitores, mas também dos políticos. É necessário que os políticos sejam mais bem preparados para adentrarem nesse ramo, para que a política seja feita de forma satisfatório à toda nação e que atenda as características de uma democracia real, de uma democracia realmente democrática.

Bruno Joly

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Avante Brasil!

Hoje li um texto muito bom no blog do Juca Kfouri Coragem, Candidatos!. No texto, Juca trazia discussões muito pertinentes para a atual situação das principais cidades, economicamente falando, do país, São Paulo e Rio de Janeiro.

Como todos sabem, o Brasil sediará a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos, em 2016. A Copa do Mundo se estenderá por várias capitais do país, inclusive São Paulo, e as Olímpiadas serão exclusivamente no Rio. Bom, muito se fala em investir na construção de estádios, complexos esportivos, infra-estrutura para receber os jogos, visitantes de fora e de dentro do país e tudo mais. Mas será que o Brasil realmente está preparado para receber eventos de tamanha magnitude?

Recentemente, as chuvas de fim de verão, as famosas "Águas de Março", como já dizia Tom Jobim, castigaram a capital paulista. Enchentes devastadoras, mortes, desabrigados, lixo espalhado pela cidade, tudo em função das fortes chuvas que caíram em São Paulo ao fim da estação quente. Um verdadeiro caos. E agora, há menos de uma semana, ou duas, se não me falha a memória, foi a vez da capital carioca ser terrivelmente castigada pelas chuvas que caíram torrencialmente. Só que no Rio, a situação, creio eu, ficou pior do que na capital paulista. No Rio, a quantidade de mortos foi superior a 900 pessoas, quase mil, para ser mais realista. A enchente carioca entrou para as mais fatais enchentes do mundo nos últimos 12 meses. Isso é impressionante, e assustador, ao mesmo tempo. Isto posto, chega-se a pergunta: Será que Rio e São Paulo podem sediar os eventos esportivos citados?

Essas catástrofes naturais, mais do que nos alertar sobre os efeitos da destruição ambiental, serviram para evidenciar a realidade da infra-estrutura das nossas capitais, nos mostraram que São Paulo e Rio de Janeiro necessitam de uma reestruturação urbana urgente, que por sua vez, para ser realizada, necessita de dinheiro, de financiamento público. Então, eu me pergunto: ao invés de investir tanto dinheiro em reforma e construção de estádios, de ginásios e hotéis, por que não investir na infra-estrutura urbana? Por que não melhorar as condições de vida de toda a população dessas cidades para que não tenham pavor das chuvas, com medo que essas desgraças se repitam toda vez que o céu começar a escurecer?

Além disso, há a questão das favelas, tanto no Rio quanto em São Paulo. Famílias que vivem em locais de risco, vivem ao lado de aterros sanitários, de lixões, sem saneamento básico e condições mínimas de transporte e higiene. O transporte público está muitíssimo longe de um bom padrão de qualidade, sem contar a triste, degradável e cada vez mais sucateada educação pública, pelo menos no Estado de São Paulo, a qual eu conheço bem. Questões de segurança também devem ser levadas em conta.

O esporte é sem dúvida um dos bens mais preciosos que uma nação possui, mas não pode ser colocado em primeiro plano quando há questões mais relevantes numa sociedade. Nossa sociedade é falha em todos os quesitos que citei acima, em todos eles é necessário uma reforma, ou até mesmo uma revolução, e ambas necessitam de investimento e preocupação de nossos governantes. Infelizmente o Brasil não tem condições de receber os eventos esportivos, quando nesse mesmo Brasil há milhares de famílias que vivem na precariedade, jovens sem educação, sem trabalho e sem segurança.

Estamos em ano eleitoral, e como disse Juca no seu blog, será que algum candidato teria coragem de dizer publicamente que abriria mão da Copa e dos Jogos Olímpicos para investir mais nos setores de base do país? Será que algum deles tem essa coragem? O Brasil é grande, e necessita de políticos tão grandes como Ele. No momento, enchergo alguns bons políticos, mas acho que nenhum com tamanha grandeza. Se aparecesse algum com esse propósito, assim como o voto de Juca, teria o meu também, com toda certeza.

Hastear a bandeira brasileira quando fomos escolhidos como sede dos eventos esportivos foi muito fácil, cantar que era brasileiro com muito orgulho e com muito amor, nessa situação também. Em situações de alegria geral, é muito fácil ser patriota. Sejamos patriotas também nos momentos de dificuldade da nossa nação. Por que não hastear a bandeira quando o São Paulo e Rio sofreram com as enchentes? Hastear a bandeira e estender a mão para ajudar nossos compatriotas. Isso também é inal de patriotismo. Afinal, ajudando nosso irmão brasileiro, estamos ajudando nosso país, ajudando a construir cidades melhores, estados melhores, um páis inteiro melhor.

O Brasil tem potencial para receber tais eventos esportivos, mas não agora, não nesse momento. Precisamos antes mostrar nosso potencial de se reeguer, potencial de estruturarmos bem nossas cidades para que catástrofes como essas não se repitam mais, e aí sim, recebermos de braços abertos qualquer tipo de evento, e gritar, numa possível vitória "(...)eu, sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor(...)".

Bruno Joly

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Realidades que deveriam durar só no dia 1º de abril

1º de abril, o tão conhecido dia da mentira. Vivemos em meio à tantas coisas, tantos fatos sociais, que eu realmente gostaria que fossem mentiras, e que tudo fosse passar amanhã, que já não será mais dia da mentira, aí então voltaríamos a uma realidade agradável. Não digo uma realidade perfeita, afinal, a história nos mostra que nem na antiguidade e nem nos tempos modernos as sociedades eram perfeitas. Por que exigir isso então da sociedade contemporânea? Isto posto, acho razoável querer uma realidade no mínimo agradável. Mas de que coisas estou falando? À que fatos socias me refiro?

Temo um pouco estar sendo repetitivo quanto aos temas das postagens, porém, acredito serem temas de extrema importância e que merecem serem relevados. Quando falo das coisas as quais convivemos e dos fatos sociais aos quais presenciamos e/ou participamos, faço alusão a situação degradante da educação pública, a situação lastimável da política no DF e até mesmo no Brasil em geral, a alienação das pessoas, da qualidade das músicas e programas televisionados que estão surgindo no nosso tempo.

O que eu vejo hoje na sociedade brasileira é uma sociedade cada vez mais indiferente à política, ao que diz respeito a coisa pública. Vivemos em tempos qem que cada um quer garantir o seu e nada mais. Dane-se o próximo. O invidualismo e o antropocentrismo regem a vida dos cidadãos. O intelecutal francês Alexis de Tocqueville (1805-1859), ao estudar a democracia e escrever sua obra "A Democracia na América" previu exatamente o que vivemos hoje. Um mundo regido pelo dinheiro, uma sociedade em que cada um só está preocupado em manter suas próprias liberdades individuais. Algo como o que foi chamado de "ditadura do dinheiro". Ele é o único fim de vida para as pessoas. Não crítico as liberdades individuais dos cidadãos, afinal, numa sociedade democrática, elas são mais que obrigatórias aos cidadãos. O que critíco é a exclusividade que damos à ela. Isso torna as pessoas indiferentes ao Estado, às decisões políticas, à tudo que diz respeito a coisa pública. Isso torna a sociedade alienada.

Francisco Weffort disse: "a desgraça dos que não se interessam por política, é serem governados pelos que se interessam." É isso que acontece hoje. E infelizmente nossos políticos não têm um histórico invejável. Mas devido ao desinteresse dos cidadãos, eles continuam a nos governar. Essa á outra triste realidade que poderia desaparecer ao final do dia da mentira. Temos poucos pré-candidatos à presidência com reais intenções de voto, e menos candidatos ainda com boas intenções e bom histórico. Porém, quem lidera as pesquisas de intenção de voto não é o melhor dos candidatos, e corremos o sério risco de que sejamos governados por ele à partir de 2010.

Outra realidade triste da nossa geração é a qualidade das atividades de entretenimento da população. A parcela das pessoas que lêem nas horas de lazer é absolutamente mínima. Ninguém mais gosta de ler. "Ler é chato...", "não tenho paciência para ler um livro...", é o que se houve quando questionamos alguém sobre seu interesse pela leitura. Nem mesmo jornais as pessoas não lêem mais. Ao invés da leitura, as pessoas vêem cada vez mais televisão. Só que não os programas bons, afinal ainda há bons programas na tv. O que se vê na tv, hoje em dia, é Malhação, o tão aclamado Big Brother e programas do gênero. Eu fico perplexo, estarrecido com a importância que as pessoas dão à esse programa. Vejo pessoas realmente preocupadas com o que aconteceu em tal dia no programa, qual participante ganhou qual prêmio, quem saiu, quem ficou. Deixam de sair de casa, de fazer coisas realmente produtivas para assistir a esse programa absolutamente vazio, sem conteúdo, alienante. Isso é extremamente preocupante. Pior ainda é o apresentador, que adora bancar "o intelectual" recitando textos durante o programa. Um jornalista que presenciou a queda do Muro de Berlim e cobriu outras guerras, hoje presencia quem saiu da casa do big brother.

Continuando na perspectiva do entretenimento, temos músicas da pior qualidade nas rádios hoje. Da pior qualidade tanto nas letras que são sem significado, vazias e meramente comerciais, quanto na harmonia musical, na parte instrumental, com acompanhamentos e arranjos manjados e sem criatividade. Onde foi parar a qualidade muscial do samba, de Cartola, Dorival Caymmi, por exemplo? As letras pensadas e significativas de Chico Buarque, Caetano e Gil, por exemplo? Será que o Brasil não possui mais músicos realmente talentosos? É mínima a parcela de músicas realmente boas que estão surgindo no nosso tempo. Sem falar do lixo pop norte-americano que tem uma legião de fãs no Brasil e no mundo.

Todos esses fatos sociais, todos esses acontecimentos são tristes realidades contemporâneas. Seria tão maravilhoso que só durassem por um dia, no dia 1º de abril, no dia da mentira. Se assim fosse, poderíamos encarar a situação como o dia da mentira propõe, poderíamos encarar sem seriedade, na base da brincadeira, e então, amanhã, tudo voltaria a normalidade, porque nossa realidade não pode ser considerada normal. São necessárias mudanças éticas e morais, uma alteração de valores para que tudo comece a caminhar de modo correto, de modo construtivo e consciente.

Bruno Joly

terça-feira, 23 de março de 2010

O voto no reality show da vida real.

Há algum tempo, postei um texto que discorria sobre a profissão de professor, sua importância para a formação das pessoas, enquanto cidadãos e enquanto profissionais das mais variadas áreas do conhecimento. Coincidentemente, não sei se todos sabem, mas acredito que sim, os professores da rede pública entraram em greve por melhores salários e melhores condições de trabalho, causas que eu citei no post como sendo responsáveis pela péssima qualidade do ensino público.

Há algum tempo também, ao postar uma mensagem no meu twitter criticando o Big Brohter Brasil, acabei gerando um debate com um amigo que "me segue", que não concordava totalmente com o que eu estava dizendo. Mas onde quero chegar com tudo isso? Quero chegar num ponto onde acredito que ambas as situações, tanto a greve, quanto o big brother podem se relacionar. Tentarei discorrer sobre essa relação.

Hoje ao conectar-me ao twitter, vi uma série de postagens relacionadas ao programa de tv, sobre quem deveria sair, sobre quem deveria ficar, enfim, um pessoal realmente engajado e preocupado com o que está rolando no programa. E quando digo uma série de postagens, é porque estam muitas postagens, não uma ou duas, mas muitas mesmo. Pessoas dizendo que iam votar até cansarem, que iam cansar os dedos votando, etc.

Por outro lado, não vi nenhuma postagem relacionada à greve dos professores da rede estadual. Sei que é muito mais difícil para as pessoas realizarem algo concreto em favor dos professores, afinal, votar no programa é facílimo, uma vez que convivemos com a internet e o telefone. Mas, por que não usar os sites de relacionamentos para demonstrar apoio aos professores? Um ato simples desse, realizado por várias pessoas, tenho certeza que representaria muito para os professores e para os adeptos da causa. Os professores estão lutando por uma causa nobre, por uma melhor educação para nós, para as crianças e por melhores salários. Afinal, R$5,00 hora/aula é uma piada, não acham? Como disse um aluno de uma colega minha recém-formada que está dando aula: "nossa professora, até a faxineira ganha mais." Não estou desvalorizando a faxineira, afinal nem os melhores professores com o melhor material didático não podem dar aula num lugar imundo, por favor, longe de mim criticar tal profissão, mas será que uma profissão de tamanha importância como a do professor não merece um salário decente? Essa mesma colega, hoje professora, disse que alguns professores voram violentamente agredidos pela PM durante uma manifestação pacífica em São Paulo, porém, a mídia, "neutra" que é, não divulgou tal fato.

Eis aqui a relação que tento fazer entre o programa Big Brother e a greve: esse ano é ano de eleições presidencias, todos já sabemos de certa forma quem são os pré-candidatos e tudo, então, do mesmo jeito que as pessoas votam tão enérgicamente em quem deve sair ou ficar no programa, poderíamos usar essa mesma energia e vontade de votar para votar contra os mandantes de tal ação da PM contra os professores. Razoável, não?

A secretaria da Educação do Estado de SP disse que a greve era vazia e política (Secretaria diz que greve de professores em SP é política). A greve pode até terum certo cunho político, mas e as inúmeras inaugurações de indústrias e UTI's feitas recentemente em Campinas e Matão, respectivamente, em ano eleitoral, não são de caráter político? O governo federal também tem inaugurado diversas obras e feito tamanha divulgação das mesmas. Isso não é de caráter político? Sem contar os inúmeros concursos públicos que são abertos em anos eleitorais. Posso citar o do IBGE, para recenseadores e concurso para vários cargos aqui mesmo, na UNESP Araraquara.

De cunho político ou não, a greve dos professores tem objetivos sérios e bons, para todos nós. Os professores acabaram por aproveitar um momento de grande evidência dos políticos para se manifestarem, assim consequentemente, teriam maior visibilidade também. Creio que não fizeram mal. A nós, cabe apoiar tais profissionais, que têm sido cada mais desvalorizados pelo governo e usar a energia que se tem para votar no big brother para votar em candidatos que se mostrem realmente preocupados com tal setor público.