quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

É carnaval na televisão brasileira.

Passada toda a euforia do carnaval, definidas as campeãs tanto em São Paulo, quanto no Rio, algo me chamou a atenção. Já adianto que não sou fã do carnaval dessas duas cidades e nem sou grande entendedor do assunto, porém, alguns fatos são relevantes demais para passarem desapercebidos.

Como disse, não sou fã nem entendedor do carnaval de São Paulo, mas como nos últimos dias os jornais, os sites e outros veículos de informação têm noticiado direto sobre a festa brasileira, alguma coisa a gente sempre acaba vendo, e não pude deixar de ver pelo menos partes dos desfiles, principalmente da escola campeã de São Paulo, a Rosas de Ouro.

Creio que a escola inovou, tanto no tema do desfile, quanto no desfile em si, exalando a essência de chocolate e tudo mais. Porém, o que mais me chamou a atenção foi uma noticía que li no website do Terra. A notícia dizia que a escola Rosas de Ouro foi pressionada pela Rede Globo de Televisão à alterar seu samba-enredo, uma vez que a emissora detém todos os direitos de transmissão do carnaval e não aceita nenhum tipo de merchandising disfarçado. Isso se deu devido ao fato de o samba-enredo da escola campeã conter a seguinte frase: "cacau é show", o que para a rede Globo, é uma alusão à marca de chocolates Cacau Show. Em função disso, a Rosas de Ouro alterou seu samba-enredo.

Há algum tempo atrás, li (não me recordo onde), que a rede Globo não contente em controlar os horários dos jogos, queria alterar o formato do Campeonato Brasileiro de futebol, fazendo com o que o campeonato retornasse ao modo antigo, no sistema de mata-mata, porque dessa maneira os jogos teriam maior audiência. Graças a Deus a CBF não cedeu à mais essa extravagância da emissora.

Com estes fatos postos, tanto do carnaval, quanto do futebol, eu me pergunto: até quando emissoras de TV irão controlar tão decisivamente o que nós assistimos? Até quando as entidades organizadoras de eventos televisionados não terão coragem e peito pra bater de frente com as emissoras e organizarem os eventos em horários e com conteúdos do seu próprio desejo, sem depender do que a emissora quer ou não quer?

Creio que uma emissora de tv, por maior que seja, não pode ter tamanho poder, afinal, tais atitudes tiram a autonomia de qualquer entidade. Em pleno século XXI, num país teoricamente democrático, nem nós nem as entidades podemos ficar a mercê das emissoras. Acho que já está mais do que na hora de algumas mudanças no pensamento do povo brasileiro, tanto os telespectadores quanto os organizadores de eventos televisionados.

Link da notícia: Rosas de Ouro muda seu samba-enredo

Bruno Joly

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